quarta-feira, 22 de julho de 2009

SARNEY, O IMORAL, E SUAS RELAÇÕES PROMISCUAS

SARNEY, O IMORAL, E SUAS RELAÇÕES PROMISCUAS


Sinopse de imprensa: gravações ligam Sarney a atos secretos

22/07 - 05:13 - Redação

BRASÍLIA - Uma sequência de diálogos gravados pela Polícia Federal com autorização judicial, durante a Operação Boi Barrica, revela a prática de nepotismo explícito pela família Sarney no Senado e amarra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), ao ex-diretor-geral Agaciel Maia na prestação de favores concedidos por meio de atos secretos. Em uma das conversas, o empresário Fernando Sarney, filho do parlamentar, diz à filha, Maria Beatriz Sarney, que mandou Agaciel reservar uma vaga para o namorado dela, Henrique Dias Bernardes. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

Em conversa com o filho, alvo da investigação, Sarney caiu na interceptação. Segundo a gravação, o senador se compromete a falar com Agaciel para sacramentar a nomeação. O namorado da neta foi nomeado oito dias depois, por ato secreto.

Agência Senado
Sarney volta a ser alvo de denúncias
Segundo a PF, a mobilização da família começa na tarde de 30 de março de 2008, quando a neta do senador liga para o pai, indagando se não dava "pro Henrique (seu namorado) entrar na vaga". Bernardo Brandão Cavalcanti Gomes, irmão de Bia por parte de mãe, acabara de pedir demissão do Senado, onde estava desde 2003. "Podemos trabalhar isso, sim", respondeu Fernando à filha.

Já na primeira conversa, Fernando demonstra conhecer o caminho para efetivar a nomeação. "Amanhã de manhã cedo tu tem que me ligar, pra eu falar com Agaciel", diz. Referia-se a Agaciel Maia, o então todo-poderoso diretor-geral do Senado, alçado ao posto em 1995 pelas mãos de José Sarney, em sua primeira passagem pela presidência da Casa.

No diálogo, pai e filha tratam da vaga como se fosse propriedade da família. Fernando cumpre o prometido. No dia seguinte, diz: "Já falei com o Agaciel. Peça ao Bernardo pra procurar o Agaciel." E passa a relatar a conversa com o diretor-geral. "Eu disse: mas pelo menos, ô Agaciel, segura a vaga."

Segundo Fernando, Agaciel lhe pediu que conversasse sobre o assunto com Sarney, porque a nomeação dependia, formalmente, da chancela de Garibaldi Alves (PMDB-RN), à época presidente do Senado. "Eu vou falar com o papai ou mesmo com o Garibaldi amanhã aí em Brasília, quando eu for, amanhã ou depois, pessoalmente, porque é o único jeito de resolver." Fernando finaliza o telefonema dando uma orientação à filha - ao pedir para levarem a Agaciel o currículo do namorado de Bia, ele pede para informar: "Ó, a pessoa que o Fernando quer botar é essa aqui."

Foram quatro dias de troca de telefonemas até o assunto ser resolvido. No terceiro dia, Bia liga para Fernando. Diz que o irmão, de saída do Senado, já tinha ido até Agaciel, conforme orientação do pai. O ex-diretor não ficara com o currículo do namorado, repetindo o discurso de que era preciso, primeiro, autorização de Garibaldi.

Sarney em cena

Fernando recorre, então, a um atalho: "Vai lá em casa hoje à noitinha, e entrega pro ajudante de ordem do seu avô, ou o Picollo ou o Aluísio, o currículo do Henrique", orienta. A neta entende que era preciso de uma mãozinha do avô.

Ainda naquele dia, após a visita à casa do avô para levar o currículo, Bia telefona novamente para o pai. "Falei com vovô", diz. Em seguida, relata ao pai que Sarney mostrara contrariedade por não ter sido avisado com antecedência sobre a demissão de Bernardo: "Ele falou assim: Ah, você tinha que ter falado antes pra eu já agilizar."

Agência Brasil

Agaciel Maia é citado nas ligações

No dia seguinte, 2 de abril de 2008, quarta-feira, Fernando pega o telefone e liga para um dos ajudantes de ordem de Sarney, Aluísio Mendes Filho, e explica a situação. Ele queria que o pai desse a ordem a Agaciel para efetivar a nomeação.

A explicação de Fernando é o resumo de uma confissão do nepotismo: "O irmão da Bia, quando papai era presidente do Senado, eu arrumei um emprego pra ele lá. Ele agora tá saindo e eu liguei pro Agaciel pra ver a possibilidade de botar o namorado da Bia lá, porque me ajuda, viu, é uma forma e tal de dar uma força pra mim. E o irmão tá saindo, é uma vaga que podia ser nossa." No fim, ele diz o que faltava para a nomeação: "Uma ligação de papai pro Agaciel."

Menos de uma hora depois, o próprio Sarney liga para o filho. "Olha, você não tinha me falado o negócio da Bia", protesta. Na visão do senador, a demissão não deveria ter sido solicitada até que a nomeação do namorado de Bia estivesse resolvida. "Mas ele (Bernardo) entrou logo com um pedido de demissão", reclama. Sarney pergunta: "Já falou com Agaciel?" Recebe uma resposta afirmativa e promete interceder. "Tá bom. Eu vou falar com ele."

Nomeação

A conversa entre pai e filho se deu às 10h32 de 2 de abril, segundo a PF. No dia 10 do mesmo mês, foi assinado o ato que nomeou Henrique, namorado de Bia, para assessor parlamentar 3, com salário de R$ 2,7 mil.

Os diálogos foram captados no curso da Operação Boi Barrica, rebatizada pela Polícia Federal de Operação Faktor depois de reclamações do conjunto folclórico maranhense que inspirou o nome da ação. O grupo de boi-bumbá Boizinho Barrica tem os Sarney como padrinhos.

A operação, iniciada há quase três anos para investigar negócios envolvendo empresas da família no Maranhão, acabou por esbarrar em suspeitas de corrupção em órgãos do governo federal comandados por apadrinhados de Sarney.

O caso da nomeação do namorado da neta de Sarney não é único. Desde que o Estado revelou, em junho, a existência de centenas de atos editados secretamente pelo Senado para esconder nomeações de parentes de senadores e outras decisões impopulares, apareceram vários familiares e agregados do presidente do Senado pendurados na folha de pagamento da Casa. A lista inclui, por exemplo, irmão, cunhada, sobrinhas e neto de Sarney.

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